Revisitando as atividades e os textos trabalhados durante o 6º semestre na disciplina de Psicologia II, pude refletir melhor sobre os textos: Significações da Violência na Escola: equívocos da compreensão dos processos de desenvolvimento moral na criança? De autoria da professora Jaqueline Santos Picetti e Reflexões sobre a moralidade na escola de Liseane Camargo, estes me fizeram refletir sobre uma situação que aconteceu com minha filha quando entrou na primeira série do ensino fundamental.
Após um mês de aula minha filha não queria mais ir à escola, chorava a cada manhã, dizia que era feia, gorda, não queria usar uniforme, alegava que não gostava da escola, mas eu sempre a convencia a ir, dizendo que ela era linda, inteligente, que ia estudar para ser o que ela quisesse quando crescesse. Pensava que era porque ela sempre estudou em uma pequena escolinha de educação infantil perto de nossa casa, e a escola nova era grande, com muitos alunos, era um mundo muito diferente do que ela tava acostumada.
Fiquei preocupada e resolvi ir a fundo à história, cada dia ela chegava mais triste e não queria ir à escola de jeito nenhum, então resolvi conversar com tempo e paciência até descobrir o que estava acontecendo. Ela me contou que seus colegas a agrediam fisicamente e verbalmente, por ela ser gordinha (na verdade minha filha é obesa), quando a professora não estava na sala de aula os colegas riam, colocavam apelidos como baleia assassina, balofa entre outros, beliscavam sua barriga e bochechas, davam tapas na sua nuca, e não deixavam participar das brincadeiras, ela disse que a professora não sabia de nada e ela se sentia ameaçada pelos colegas para não contar para professora.
No dia seguinte fui conversar com a professora que se mostrou transtornada com a situação, disse realmente não saber de nada, mas que ia tomar providencias. Durante a aula conversou com os alunos e explicou que isso não poderia mais acontecer, mostrou que ela não era diferente de ninguém, somos todos iguais mais cada um com sua diferença, não sei exatamente o que ela disse ou fez, mas deu resultado, tudo mudou e minha filha nunca mais reclamou deste tipo de coisas.
Aconteceu o que disse Delval (1998, p. 48): A escola deve ensinar, principalmente, um comportamento racional e autônomo, a discutir e avaliar as diferentes soluções, contribuindo dessa forma para uma melhor socialização.
Penso que educação se traz de casa, mas a escola exerce um papel importante nesta tarefa, neste caso a professora conseguiu contornar a situação na escola, mas com certeza estes preconceitos vinham de casa já que os pais são os primeiros responsáveis a ensinar o que é certo e o que é errado, ou seja, o desenvolvimento moral da criança.
Como educadoras devemos ter cuidado, a heteronomia precisa ser bem trabalhada, precisamos saber introduzir as regras morais as crianças.